ESG E SUSTENTABILIDADE
Afinal, o que é a “sustentabilidade” e o reporte “ESG”?
As organizações deparam-se com desafios económicos que vão muito além dos resultados financeiros. Muito se fala em “sustentabilidade” e na necessidade do reporte ESG, ou seja, de resultados nos domínios Ambiente, Social e de Governance (Environmental, Social and Governance). Aborda-se, até, o tema com alguma leveza, como se se tratasse apenas da implementação de boas práticas, da tomada de decisões consciente em relação ao ambiente, da poupança e da eficiência energética, da garantia de igualdade de oportunidades através da implementação de uma política da diversidade e de outras medidas que, de uma forma geral, todos conhecemos. Todavia, i) garantir uma utilização consciente dos recursos do presente sem comprometer a capacidade das próximas gerações de suprir as próprias necessidades, ii) zelar por um nível de vida com qualidade que assegure um equilíbrio entre as pessoas, a sociedade e o meio ambiente, iii) trabalhar no sentido de alcançar a neutralidade carbónica (ou valores próximos) implicam ações sérias, de total disrupção com o que acontece atualmente nas organizações e de forma imediata.
Devido à impossibilidade de redirecionar a cultura organizacional de forma tão célere e dinâmica como necessária, são desenvolvidos, paulatinamente, instrumentos e orientações no sentido de garantir que os comportamentos mudam.
O Acordo de Paris de 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o Relatório Especial do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas convidam de forma praticamente inevitável, a uma ação conjunta que promova a resiliência às alterações climáticas e o alcance de uma economia hipocarbónica.
Para além das boas práticas é necessário medir os efeitos.
É imperioso estabelecer objetivos estratégicos, definir metas e analisar desvios. Já não são apenas custos, proveitos e dados financeiros que medem a robustez e a confiança das organizações. Importa, para além da materialidade financeira, a materialidade ambiental e social.
Há que ser transparente nos relatos e saber como cada organização contribui para uma sociedade mais justa e para uma economia mais equilibrada. É preciso informar sobre a emissão de CO2, a emissão de gases efeito estufa (GEE) diretamente para a atmosfera; é necessário informar se energia que a empresa compra para as suas operações é passível de ter sido produzida a partir de combustíveis fósseis; é necessário saber se atividade da empresa causa direta ou indiretamente alterações na utilização dos solos, incluindo a desflorestação e a degradação das florestas, assim como as emissões de GEE daí resultantes. É necessário identificar e classificar riscos da atividade –sobretudo se é dependente de capital natural (ex.: água, produtividade da terra e do solo), assim como implementar medidas de mitigação de danos que possam ocorrer.
Certo é que o consumidor é cada vez mais informado e seletivo, os investidores cada vez mais atentos. Por sua vez, os “policy-makers” focam-se na adoção de políticas que contribuam para os objetivos da neutralidade carbónica e, consequentemente, no aumento dos impostos que incidem sobre as emissões de CO2 e quaisquer outras atividades que contribuam para o desequilíbrio socioeconómico e ambiental.
O caminho faz-se, de facto, na direção das atividades sustentáveis, começando por um reporte de dados ESG adequados a cada setor.
E na sua organização, já há uma estratégia alinhada com os desígnios da sustentabilidade?
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